domingo, 9 de dezembro de 2018

MANCHINHA


MANCHINHA

Autor: José Roberto Del Valle Gaspar

Vivia a cadelinha na porta de imponente mercado,
Olhar ativo nos olhares humanos,
Um naco de pão era melhor que nada,
E por vezes acompanhado de um afago.

A vida da rua era dura,
Mas enfrentaria até ser adotada,
Esperança era tudo,
Para quem tinha sido abandonada.

Para subsistência encontrava dificuldade,
E sabia ela que os humanos não eram iguais,
São misturados entre bons e maus,
E a parte má é a própria perversidade.

Naquele dia sombrio, repetiu sua rotina,
Marcou ponto na entrada,
Mas a ordem havia sido dada,
Ignorantista: “Extermina!”

No cumprimento do mando,
Foi enganada e envenenada,
E para completar foi covardemente espancada,
A crueldade humana se sobrepondo.

A grande rede é absoluta,
A frieza é imperativa, uma típica conduta,
Manda o chefe, cumpre o lacaio,
O direito à vida se refuta!

Manchinha foi assassinada e cremada,
Vítima de irracionalidade humana,
Seu olhar sereno não será mais visto,
Sua luz vital foi apagada.

Em 05/12/2018