quinta-feira, 20 de outubro de 2022

 

O QUE É CIDADANIA?

    Indaga-se: O que é cidadania? A palavra vem do latim ‘civitas’, e, juridicamente, cidadão é o indivíduo no gozo dos direitos civis, políticos e sociais de um país.

    O conceito de cidadania é a qualidade de ser cidadão, e, consequentemente, sujeito de direitos e deveres.

    Interpreta-se que a cidadania deva ser entendida como um processo contínuo, uma construção coletiva, e que almeja a realização gradativa dos direitos humanos dentro da sociedade.

    A cidadania, em seu exercício, implica que os direitos e deveres estejam interligados, e o respeito e cumprimento de ambos contribuem para uma sociedade equilibrada, fraterna e justa.

    A importância da cidadania, teoricamente, se centra na aplicação do conceito de que ela é imprescindível para alcançar ou almejar um ponto de organização da sociedade que seja positiva para o viver em comum.

    Na história, na antiga Roma, a palavra cidadania era usada para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que ela tinha ou poderia exercer, mas era restrita a cidadãos livres, ou seja, não era geral.

    Na nossa Constituição Federal, no título I, ao tratar dos princípios fundamentais, no artigo 1º, inciso II, a cidadania está presente como fundamento, entre outros, portanto, ela é um dos sustentáculos do Estado Democrático de Direito, não se confundindo cidadania com nacionalidade.

    Em outros pontos da CF a cidadania é apontada, e que merecem atenção:

    1) – no artigo 5º, inciso LXXI, que trata do mandado de injunção, qual pode ser utilizado sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à cidadania, entre outras;

    2) - no artigo 5º, inciso LXXVII, que trata da gratuidade das ações dehabeas corpus’ e ‘habeas data’, para os atos necessários ao exercício da cidadania;

    3) - no artigo 22, inciso XIII, que trata da competência da União para legislar sobre o tema cidadania, entre outros;

    4) - no artigo 62, § 1º, inciso I, alínea “a”, que veda utilização de medida provisória para tratar de cidadania, entre outros;

    5) - no artigo 68, § 1º, inciso II, que veda entre outros, que o tema cidadania não pode ser objeto de lei delegada/delegação;

    6) - por último, no artigo 205, que trata da educação como direito de todos e dever do Estado e da família, e que entre outros objetiva preparo para o exercício da cidadania, portanto, é também um norte educacional.

    A cidadania pode estar inserida por área, como exemplo, as que se destaca: 

    1) - cidadaniadigital, que se extrai como sendo o conjunto de normas que devemos seguir para utilizarmos os meios de comunicação digitais com consciência, responsabilidade, ética e segurança.Diga-se, que como cidadãos digitais, temos direitos à privacidade, à segurança dos nossos dados, à autoria das criações que publicamos, e à preservação da honra contra terceiros, mas, de outro lado, temos deveres, como agir de forma cortês, não expor ninguém ao ridículo ou atacar em face de pensamento adverso, não compartilhando notícias falsas, e, muito menos, praticar crimes contra a honra alheia, ou seja, injúria, calúnia ou difamação.

    2) - cidadania ambiental, o Brasil, mesmo sendo um país continental(grande), cerca de 84,7% da população de 214,3 milhões, vive em áreas urbanas, ou seja, mais de 180 milhões, e para esse contingente a concepção de meio ambiente é limitada, pois relegam a questão da proteção ambiental a áreas com florestas e animais silvestres, e as ligações entre o animal humano e os bens ambientais afetam a vida de uma forma geral, aí que deve entrar a cidadania ambiental, que objetiva, na essência, conscientizar as pessoas de forma didática, sobre o contexto do meio ambiente urbano, rural e florestal. A cidadania ambiental está vinculada a atos cotidianos que preservam o meio em que vivemos, como exemplo não sujar o espaço coletivo, separar o lixo doméstico para propiciar reaproveitamento pela reciclagem, entre outras posturas individuais e coletivas.

    Thomas Humphrey Marshall, sociólogo britânico(1893-1981), referência para o tema e conhecido especialmente por seus ensaios, entre os quais se destaca ‘Citizenship and Social Class’, traduzindo-se "Cidadania e Classe Social", publicado em 1950, tendo como referência uma conferência que havia sido realizada em 1954, firma que o conceito de cidadania envolve três elementos: direitos civis, direitos políticos e direitos sociais, e cada um desses elementos corresponde um conjunto de direitos dentro de um determinado estágio do desenvolvimento civilizatório, portanto, conectantes com o contexto genérico aqui tratado.

    É importante perceber, extraindo-se de análises publicadas, que, historicamente, a cidadania não foi marcante para a redução da desigualdade social no século XIX, mas ajudou direcionalmente as políticas igualitárias do século XX e que persistem no século XXI, e, no Brasil, ancorada na constituição de 1988, a “Constituição Cidadã’, tratada assim pelo então Deputado Constituinte Ulysses Silveira Guimarães, que presidiu a ‘Assembleia Nacional Constituinte’ de 1987/1988, inaugurando a redemocratização, depois de 21 anos de ditadura militar.

    Arremate-se, que a cidadania hoje é uma das bases objetivas da sociedade democrática mundial, qual temos que defender ferrenhamente dentro dos debates políticos nacionais.


José Roberto Del Valle Gaspar

Em 20/10/2022


domingo, 9 de dezembro de 2018

MANCHINHA


MANCHINHA

Autor: José Roberto Del Valle Gaspar

Vivia a cadelinha na porta de imponente mercado,
Olhar ativo nos olhares humanos,
Um naco de pão era melhor que nada,
E por vezes acompanhado de um afago.

A vida da rua era dura,
Mas enfrentaria até ser adotada,
Esperança era tudo,
Para quem tinha sido abandonada.

Para subsistência encontrava dificuldade,
E sabia ela que os humanos não eram iguais,
São misturados entre bons e maus,
E a parte má é a própria perversidade.

Naquele dia sombrio, repetiu sua rotina,
Marcou ponto na entrada,
Mas a ordem havia sido dada,
Ignorantista: “Extermina!”

No cumprimento do mando,
Foi enganada e envenenada,
E para completar foi covardemente espancada,
A crueldade humana se sobrepondo.

A grande rede é absoluta,
A frieza é imperativa, uma típica conduta,
Manda o chefe, cumpre o lacaio,
O direito à vida se refuta!

Manchinha foi assassinada e cremada,
Vítima de irracionalidade humana,
Seu olhar sereno não será mais visto,
Sua luz vital foi apagada.

Em 05/12/2018

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

"CONSUMMATUM EST"

    
"Consummatum Est"

    Foi coroado o golpismo com a  indicação do juiz supostamente 'moralista' Sérgio Moro como Ministro da Justiça, aquele da Lava-jato, que condenou o ex-presidente Lula, ancorado em falácias jurídicas e não em provas de fato, optando pela aplicação da justiça dirigida ou degenerada.
     O renomado jornalista Reinaldo Azevedo, em matéria na revista Veja que trata da indicação do Juiz, expressa: "Consummatum est"/tudo está consumado, quando já vinha alertando sobre a condenação política de Lula, ou seja, seletiva, para tirá-lo do páreo eleitoral. A expressão usada é a mesma que teria expressado Cristo no final do calvário/tortura, tortura esta, que passados dois milênios de cristianismo, é pregada descaradamente pelo Presidente eleito Jair Messias Bolsonaro, que se diz 'cristão', mas, ideológicamente, afronta princípios basilares do cristianismo.
       A situação do Brasil é triste, mas o fato é a verdade nua e crua, não havendo nada que se possa fazer, a não ser lamentar profundamente o caminho escuro/nebuloso escolhido pela maioria dos que têm nas mãos o poder da escolha, e que lavaram as mãos/pilatiaram, deixando o mal triunfar. 
       Para se ter uma ideia da ignorância que permeia na sociedade, segundo pesquisa, 82% dos eleitores bolsonaristas acreditam no famigerado "Kit Gay", uma notícia falsa inventada pelo candidato, e ele próprio, de tanto repetir tal mentira, acabou garantindo que é verdade o "bilete".
        Numa sociedade dessas, onde notícias falsas norteiam o voto de quem escolhe o dirigente maior da nação, se Cristo voltasse, como esperam os cristãos, seria alvo de avalanche de fake news/notícias falsas e novamente seria trucidado, aos moldes do que defende o Presidente eleito, ou seja, com os requintes cruéis da tortura, exatamente como ocorreu no narrado passado bíblico remoto, tudo pela ignorância anacrônica prevalente.
 
José Roberto Del Valle Gaspar
Em 02/11/2018

domingo, 18 de fevereiro de 2018

O NADA


O NADA

O navio do nada chegou,
Animais sendo embarcados,
Eles não falam, nem são perguntados,
Mas em defesa aparecem humanos civilizados.

Nas masmorras trancados,
Sem qualquer dignidade,
São eles enxovalhados,
E barbaramente maltratados.

Crueldade, crueldade, crueldade ...
Tratam os demais sencientes com maldade,
Humanos abjetos, boçais,
Ignoram direitos existenciais.

Clama-se por justiça,
Crueldade é inconstitucional,
Julgadores reconhecem, dentro da jus cabedal,
Mas a decisão é quebrada pela podridão palacial.

O navio do nada partiu,
Nos porões, vidas finais,
Animais escravizados e atordoados,
Na lama de excrementos amontoados.

Nada de mal fizeram, são inocentes,
Mas estão condenados, vão trucidá-los,
Em ritual crudelíssimo, onde paz nem espia,
Ao crédito da suposta humana supremacia.

José Roberto Del Valle Gaspar
@EmDefesadosDireitosdosDemaisAnimais
Em 06/02/2018



A VAQUINHA


A VAQUINHA

A vaquinha depois de violentada pelo senhorio,
Aguarda passivamente a gestação,
E, após o parto, por minutos vê seu filhinho, sua geração,
Que lhe é retirado pelo lacaio do patrão.

A vaquinha sofre muito com isso,
Depois é escravizada, ultrajada, humilhada,
Surrada, lesionada, e explorada à exaustão,
Anos de pura degradação.

O senhorio se apoderou de seu corpo, sua vida,
Obtendo lucros pela exploração,
Retirando das suas tetas, secreção,
Restando só tristeza dessa condição.

A escravização tira dela a alegria,
Seu prazer de viver e sua dignidade,
Ser senciente submetido a servidão,
Vítima de falta de civilização.

Esgotada pela extrema crueldade,
Mesmo jovem, cai, já exaurida, no chão,
É arrastada por um guincho de caminhão,
E enviada ao campo de concentração.

A vaquinha de triste vida,
Vítima da crueldade e da falta de escrúpulos,
Será assassinada friamente, sem punição,
Restos cadavéricos que seguem para comercialização.

Isso não poderia ficar assim,
O senhorio explorador e quem assassinou,
Teriam que pagar pela atróz ação,
Crueldade é vedada pela constituição.

Não se respeita os direitos dos demais,
Embora sejam eles naturais/existenciais,
Animais humanos, cruéis, usam da escravização,
Invocam nefasta supremacia para trucidação.

Será que escravizar, violentar, ultrajar,
Humilhar, surrar, maltratar, lesionar,
Terminando por matar, após explorar à exaustão,
Não caracteriza crueldade? É a questão!

José Roberto del Valle Gaspar
@EmDefesadosDireitosdosDemaisAnimais
Em 11/02/2018